domingo, 1 de junho de 2008

Minha Música

Parte 2 - A partir de 1984 até parte de 1987


Mencionei que os programas de videoclipes eram uma importante fonte de músicas novas, de bandas novas, ou nem tão novas assim. Contudo, esqueci-me de comentar sobre a estética do clipe, que na época era igual para todos, a banda ou o cantor dublavam a música e só! O Duran Duran e o... Michael Jackson (preciso admitir) revolucionaram essa estética e passaram a dar mais valor (inclusive financeiro), para a criação de "filmes" de curta duração, que descreviam / encenavam a história da letra, vide os clipes "New Moon on Monday" do primeiro e "Thriller" do seguinte.

A cena pop/rock brasileira começava a ter maior destaque e iniciaria um reinado duradouro nesta década, devido a criativadade e talento dos seus músicos, que eram influenciados principalmente por cantores e bandas inglesas como, David Bowie, The Doors, The Clash, Sex Pistols, The Cure, Siouxsie and the Banshees, Echo and the Bunnymen - que até então eu desconhecia por completo, exceto os 3 primeiros. Todos estes influenciaram: Capital Inicial, Legião Urbana, Titãs, Plebe Rude, Ira!. Já o The Police e o Madness, que não eram punks, influenciaram Os Paralamas do Sucesso.

Na mesma época, o chamado movimento "new wave" chegava com força total ao Brasil, trazendo bandas como The B-52's, Go Go's e The Pretenders - que tocaram no Rock in Rio 1 - Devo, Oingo Boingo com as suas "Everybody" e "Weird Science", respectivamente. Também surgiram uma centena de one hit wonder bands, ou em português, bandas que só fazem sucesso com uma única música, como Frankie Goes To Hollywood e o hit muito franco "Relax", que antecipava a melhor frase já dita por uma ministra do turismo em pleno caos aéreo "Relax, don't do it... when you wanna come!", ou seja, RELAXE E GOZE!

Surgiram também Kid Abelha, que ainda tinha os Abóboras Selvagens, Heróis da Resistência, quando o Abóbora Leoni brigou com a Kid Paula Toller Abelha, Engenheiros do Hawaii - que eu particularmente ABOMINO! - Nenhum de Nós, Kid Vinil, Magazine, Metrô, Tokyo - com Suplaargh! - Ultraje a Rigor, Camisa de Vênus, João Penca e os seus Miquinhos Amestrados, Léo Jaime, RPM e outra infinidade de bandas! E assim, largamos de lado a música eletrônica, que no caso, era a Disco e passamos a dançar o pop rock. A não ser por um tal de Pet Shop Boys e suas "West End Girls".

Não preciso mencionar que abandonei as guitarras pesadas, as roupas pretas de couro coladas ao corpo, as línguas para fora, a degustação de morcegos, os efeitos pirotécnicos no palco e migrei para as roupas coloridas (verde fluorescente com roxo!!!), cabelo emplastrado de gel New Wave da Wella e atitude mais feliz e menos agressiva. Não que eu me vestisse de uma maneira ou de outra, minha indumentária era bem básica, pois não passava de um pirralho de 12/13 anos!

E assim, DANCEI MUUUUUUUUUUITO nas matinées de domingo e nas noites de sábado (com carteira falsa) no Higino em Teresópolis, na domingueira do Tijuca Tênis Clube e da Mamute, nas festinhas americanas dos amigos do prédio ou do colégio, ao som de tudo isso mencionado anteriormente e... "This Charming Man" do Morrissey e sua banda The Smiths, "Sunday Bloody Sunday" e "New Year's Day" do U2, Simple Minds e seus dois hits, "Don't you forget about me" e "Aliving and Kicking", Dire Straits - que nunca gostei. Por falar nesses malas, preciso mencionar que "Brothers in Arms" - CHAAAATA! - "Broken Wings", do Mr. Mister e "Eyes without a face" do Billy punk-de-boutique Idol eram os hits da dança da vassoura! "Meninas levam comida e meninos levam bebida" eram as regras das festas "americanas". Aliás, queria entender porque elas têm esse nome...

Finalzinho de 85/Iniciozinho de 86, começou a ser executada nas rádios, "Inbetween Days" e foi paixão à primeira vista... No clipe, que também passava na TV, aparecia a banda tocando, umas "voadoras" mãos coloridas e uma câmera presa a uma corda feito um pêndulo, para cá e para lá e o vocalista com aquelas cabelos desgrenhados para cima... "Nossa, que esquisito! Gostei desse tal de THE CURE!"

Neste mesmo ano, saia uma reportagem na revista "Domingo" sobre o clube carioca "Crepúsculo de Cubatão", que eu tenho até hoje. O local era freqüentado pelos "modernos" da época, rotulados de "darks", "pós-punks", "góticos", entre outras coisas, que essa galera repudiava. A reportagem mencionava algumas poucas bandas conhecidas "deste estilo" e outras que eu nunca havia ouvido falar sobre, mas deu para entender que lá tocavam bandas com o mesmo estilo do The Cure e a vontade de conhecer o local eram enorme, mas eu tinha 13 anos. Por diversas vezes, desejei muito ter 18 anos! Ah... Vale comentar que, um dos entrevistados e fotografados da reportagem, Edson era um dos freqüentadores mais assíduos da casa. Quem é carioca e frequenta noites do rock, saiba que estou falando de um cara, atualmente conhecido como DJ Edinho.

Ao final de 86, outros hits do Cure tocaram no dial, na TV. Nos jornais e na revista musical Bizz, fotos e reportagens do líder Robert Smith e o restante da banda. Inclusive, Bob completou 49 anos no último dia 21 de abril. Minha paixão por suas músicas, atiçaram minha curiosidade, quanto a tudo que a banda havia lançado, sua origem, tudo... Tornei-me tão fã, que resolvi "pentear" o meu cabelo da mesma forma que ele e fui inclusive carinhosamente chamado de Helio 220V, por Zilda, minha professora de Geografia.

Valéria - que já fazia parte da minha vida praticamente desde que nasci, estudava na mesma turma que eu do colégio e também amava o Cure - tinha um irmão mais velho, que gostava muito de música. Um amigo trouxe-lhe da Europa, dezenas de discos MUITO BONS... E assim, graças a eles, fui apresentado ao Echo and the Bunnymen e às belíssimas capas dos seus 4 primeiros álbuns, "Crocodilles", "Heaven Up Here", "Porcupine", cuja capa me impressionou bastante, mas não mais que a de "Ocean Rain", por sua belíssima fotografia e por esse disco contemplar os hits, "The Killing Moon" (só de escrever o nome e pensar nos acordes iniciais... me arrepio todo) e "Seven Seas". Everything but the Girl e a canção "When All's Well" - que eu jurava que era um homem cantando!!! Alien Sex Fiend que eu gostei, mas era bem mais agressivo que o restante.

Foi na casa dela, que assistimos à coletânea de videoclipes "Staring at the Sea" do The Cure... Zilhões de vezes, é claro. Viamos e riamos outras tantas vezes, de um erro de filmagem, tipo "Falha Nossa", do clipe para "The Walk", que passa antes de começá-lo. No clipe, Robert Smith leva uma bolada de Lol Tolhurst e dá um sorriso sarcástico que diz tudo.

O Siouxsie and the Banshees, foi a rádio que me apresentou o hit "Cities in Dust" e comecei a perceber que gostava muito desse tal de "dark".

Marcelo Pacheco, um amigo de Teresópolis, assim como Valéria, tinha um irmão mais velho, que havia morado em Londres durante um tempo. E de lá, ele trouxe dois álbuns da até então desconhecida banda, New Order, o "Low Life" e o "Brotherhood". As músicas destes foram rapidamente copiadas para duas fitas cassetes, que não arrebentaram por conta de um milagre... Eram as fitas que eu mais escutava. O "Low Life" era rock, era dançante, era eletrônico e bom do início ao fim. Todas as músicas eram boas. Começava com "Love Vigilantes" (que não tocou no show brazuca deles de 1987), passava pelo D-I-V-I-N-A até hoje "The Perfect Kiss". Na seqüência, "This Time of Night", depois a sombria "Sunrise". A instrumental "Elegia" iniciava o lado B da bolacha preta. Vinham "Sooner than You Think", outro hit "Subculture" e fechava com "Face Up", que tocou muuuuuito nas aulas de aeróbica da academia que frequentei em 1987 e em 1988. Já o albúm "Brotherhood", tinha a versão original de "Bizarre Love Triangle", antes do remix de 1987, que tocou a exaustão em todo o mundo. Além de outras músicas de menor destaque para a grande massa, mas que eu adorava. New Order era o máximo!

(continua...)

quinta-feira, 10 de abril de 2008

"Minha Música"

Não, esse texto não será dedicado a homônima música de Adriana Calcanhoto, que aliás, passei a amar depois que Guilherme me apresentou o seu trabalho, com toda a paciência, além dos de outros artistas brasileiros.

Esperem, é sobre isso que irei falar, sobre as pessoas que me apresentaram cantores, bandas, estilos e me ajudaram na construção do meu gosto musical e que me fizeram amar essa forma artística de se expressar: A MÚSICA. É também uma forma de homenageá-los.
Falarei também do que fazia (papai não brigue comigo, por conta das revelações) e faço para adquirir música.

Obviamente dividirei em algumas partes, pois pelo que me lembro, devo ter ao menos uns 30 anos de história para contar.

Não sei ao certo como dividirei, mas readaptando os 2 úlltimos versos da canção que intitula este texto,
meu post quer só ser post:
meu post não quer pouco.


Parte 1 - Da mais remota lembrança até 1984

A minha paixão por música começou bem precoce...

Toda minha família se lembra de um episódio, em que eu ainda pequeno (por isso preciso da memória estendida deles para recontar), levantei-me sorrateiramente da cama, enquanto todos dormiam em uma madrugada, pus um disco em nossa vitrola Philips, mirei a agulha no início e a pousei sem arranhá-lo - ninguém sabe me dizer qual disco era - e com o volume no talo! Assustada, minha mãe pensou ser um ladrão, até o momento em que o meu pai lhe desacreditou, pois era impossível um meliante ouvir música durante um assalto. Surpreenderam-se ao conferir a identidade do "assaltante”: eu, feliz da vida, ouvindo música. Inclusive, começo a entender que sou um ser noturno desde então.

Por ser filho temporão e ter irmãs bem maiores que eu (não posso dizer que elas são mais velhas), não tinha acesso às músicas infantis da década de 70. De infantil, só gostava de escutar os saudosos "Disquinhos", que eram compactos de 7 polegadas feitos em vinil coloridíssimos e rótulo amarelo, que por assim serem, se diferenciavam das bolachas pretas dos "adultos" e, contavam histórias infantis famosas ou não, como "Pinocchio", "A Galinha Ruiva", entre outras. E como toda criança que adora repetições, vide o sucesso dos Teletubbies, ouvia-os exaustivamente.

A Mônica nunca foi muito chegada à música e aos aparelhos eletrônicos em geral e isso, persiste até os dias de hoje.

Já a Márcia, minha outra irmã, ganhava de familiares, de amigos, comprava, ou melhor, pedia para comprar alguns discos e com isso, escutei muito às trilhas sonoras de novelas e de filmes, coletâneas, álbuns em geral, que chegavam à nossa casa.

O álbum duplo da trilha sonora de "Os Embalos de Sábado Noite" por exemplo, rodou muito no prato lá de casa. Viva Bee Gees!

Dos discos das trilhas sonoras das novelas da Rede Globo, fonte de bandas que me tornei apreciador mais tarde, além das músicas internacionais, o que mais me atraia, era o rótulo dos LPs, que tinham uma espiral verde e outra azul que ao girarem no prato, criavam um efeito psicodélico. Eu até aumentava a rotação para os 78 RPMs, para otimizar o efeito. A de "Dancin' Days" era uma das melhores e mais executadas na pequena vitrolinha. "Locomotivas", "Supermanoela", "Casarão", "O Espigão" e "Te contei?" também eram freqüentemente ouvidas.

Na época, final dos anos 70, ouvia-se ainda muito Disco, como Chic, Earth, Wind and Fire, Village People, Frenéticas, Donna Summer, Kool and the Gang, Santa Esmeralda etc.. Desse grupo, tinha o single em 12 polegadas, com uma versão gigantesca para "Don't Let me be Misunderstood" que ocupava o lado A inteiro. A capa era um grotesco capítulo a parte, o suposto vocalista com uma calça boca de sino, um camisa aberta até o meio e rodeado de mulheres "sensuais". Também me lembro de uma coletânea de hits da Papagaio, discoteca famosa no Rio de Janeiro na ocasião. A capa transcendia o conceito cafona, tinha uma morena com uma camiseta branca e só, fazendo caras e bocas para um papagaio de pirata em seu ombro. Era R-I-D-Í-C-U-L-O!!! Já as músicas... Sensacionais!

Do Rock e do Pop, Abba ("Dancing Queen", "The Winner Takes it All"), Carpenters, Kate Bush (eu amo "Wuthering Heights") Beatles, Led Zeppelin, Queen, Peter Frampton ("Baby, I Love your Way"), Heart ("Barracuda") e Rick Wakeman. Deste último, além da música, eu amava a genial capa do disco que tinha um globo terrestre no meio e em volta deste uma foto do Rick distorcida. Dentro, além do encarte, vinha um papel laminado que você enrolava, punha sobre o centro e nele se refletia a capa, criando um efeito muito louco.

Da MPB e do Rock Brasil, escutava-se Caetano Veloso, Flávio Venturini, Beto Guedes, Lô Borges, Milton Nascimento, Ney Matogrosso com e sem os Secos & Molhados, Rita Lee com e sem os Mutantes, Marcos Valle, Chico Buarque, sem deixar passar as bandas e os cantores que surgiam na minha frente.

Na primeira metade dos anos 80, persisti com as trilhas sonoras de novelas regaladas e foi quando amei na primeira audição as músicas, "Just Can't Get Enough", "Don't Go" e "Situation". Nessa época, eu tinha entre 9 e 10 anos de idade e prestava pouquíssima atenção aos nomes das bandas, atinha-me apenas a sonoridade das músicas que me agradavam.

A Blitz surgia com a proposta pop-rock-teatral e eu tinha o compacto "Você não Soube me Amar", ouvíamos até quase furar. Meses depois lançaram o LP, que os três irmãos sabiam as letras de QUASE todas as músicas. Quase, pois tinham duas faixas riscadas, censuradas pela ditadura militar, que ainda dominava o Brasil.

Alguns anos mais tarde, Márcia começou a namorar um carinha, chamado Rogério. Estudante de medicina que nas horas vagas, tocava guitarra numa banda de amigos. Com ele aprendi a gostar de rock, ele me apresentou mais coisas dos Beatles, Police, Led Zeppelin entre outras bandas. A que mais me marcou foi o Kiss, pois antes mesmo de conhecê-lo, lembro-me de ter visto a capa do álbum "Dressed to Kill" por diversas vezes na seção de discos da Sears e da Mesbla e ficar impressionado com os integrantes mascarados. Inclusive, eu tinha MEDO deles, tinha pesadelos enquanto dormia. Rogério me presenteava com um disco desta banda em todas as datas festivas. O primeiro que ganhei foi o "Creatures of the Night" de 1982 e assim desmistifiquei aquelas criaturas que antes temia, passando a adorá-las. Nesse disco havia o famoso hit "I Love it Loud". No ano seguinte ao lançamento deste álbum, eles vieram em tour para o Brasil e fui acompanhado de Márcia, Rogério, Mônica e outros amigos deles, "ver" o show daqueles "monstros" no gramado do Maracanã. Sim, ver entre aspas mesmo, pois como era uma criança de 10 anos, não tinha altura suficiente para enxergar coisa alguma no palco, a não ser as botas plataformas deles, por entre os corpos das pessoas a minha frente. Mesmo assim foi inesquecível o meu primeiro show de rock.

Rogério foi embora um dia, não me lembro em que ano, mas provavelmente foi na mesma época em que o casal Silva se mudava com seus 4 filhos, para o 7º andar do meu prédio. Karla, a segunda, gostava de Kiss também e de outras bandas de heavy metal. Com ela agreguei ao meu gosto musical, Iron Maiden, Def Leppard, AC/DC e outras que, como não me marcaram tanto, não me recordo os seus respectivos nomes.

Eu, enquanto roqueiro, abominava Michael Jackson e outras popices da época. "Thriller" e outros hits deste bizarro artista passaram batido por mim, eu não o suportava. Creio que até fiquei traumatizado, pois em todas as festas dos amigos do prédio e do colégio, executavam suas músicas umas 300 vezes incansavelmente, para eles é claro!

A partir de 1984, começaram a surgir novos estilos, bandas brasileiras começaram a aparecer e a Karla odiava, pois não era Kiss ou não era heavy metal. Eu que amava este estilo, pensei na hipótese de ir à 1ª edição do Rock in Rio, para assistir aos shows da noite de METAL, em janeiro de 1985. O palco seria ocupado pelos seguintes caras, Ozzy Osbourne, Iron Maiden, AC/DC... Era muito bom, a nata da época, mas não me permitiram ir. Tudo bem! Hoje em dia não me arrependo, por não ter conseguido ir. Soube que foi um perrengue desgraçado para chegar lá, assistir aos shows, para voltar... SOCORRO!

(continua...)

quinta-feira, 13 de março de 2008

Como procrastinar em 5 lições

Lição 5 - Divirta-se
Já que o dia de trabalho que nos espera será muito duro, por que não fazer algo divertido pela manhã antes de partir???

5.1) Você tem aptidões musicais e toca algum instrumento? Canta muito bem?
5.1.1) Se a resposta for afirmativa para a primeira questão, pegue seu violão, ligue o teclado, a guitarra ou o baixo, ou tire o pó do piano e solte o músico que há em você. É importante que se sinta bem e pratique com o seu instrumento favorito.
5.1.2) Se a resposta for afirmativa para a segunda, ligue o seu videokê e solte sua voz, pratique bastante. Não cante no chuveiro, pois você pode se animar e desperdiçar mais água do que deveria. Vale qualquer canção para espantar seus males e é claro, incomodar a vizinhança.

Tempo total: entre de 5 a 20 minutos, dependendo da sua animação matinal, do tamanho do seu repertório, ou do nível de tolerância dos seus vizinhos.


5.2) Invente uma regra, dando vazão ao seu lado TOC (Transtorno Obsesivo Compulsivo), por exemplo, "Não sair de casa sem antes assistir o programa da Ana Maria Braga", que é MUUUUUUUUUUITO interessante... Ela entrevista BBBs, faz uma receita e depois "solta os cachorros", eu me arrisco a dizer que é imprescindiível para o seu dia-a-dia. Se puder e tiver paciência, assista também às cópias nos demais canais... São todos idênticos, eu sei... Mas pense no tempo que você INVESTE MAIS em VOCÊ. O programa da Ana Maria foi apenas uma sugestão. Se você tem TV a cabo, você pode pensar em um seriado da Sony, da Warner, algo do Discovery Channel ou do People+Arts, você tem mais opções.

Tempo total: entre de 35 a 90 minutos, dependendo da sua cara de pau de se atrasar TANTO para chegar ao trabalho.


5.3) Resolvi dedicar esta última, exclusivamente às pessoas que assim como eu, vivem em São Paulo e, não trabalham suficientemente próximas ao seu respectivo local de trabalho, para ir à pé. O Metrô além de chegar muito mais rápido nos lugares, o seu celular não funciona, não há ar condicionado... Inclusive, tem um ar quente terrível, oriunda da respiração dos zilhões de usuários, que se acotovelam e se apertam nos trens. Por isso, se estiver em uma fase abonada, tome uma atitude que lhe trará conforto e dará muitos minutos de atraso, faça como eu e a Angélica, VÁ DE TÁXI!

Tempo total: entre 15 a 40 minutos, dependendo do trânsito e do conhecimento do motorista em relação ao Guia de Ruas de São Paulo.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Como procrastinar em 5 lições

Lição 4 - Afazeres domésticos pela manhã
A frase "Deixe para amanhã, o que você pode hoje" tem tudo a ver com a palavra procrastinação. Contudo, a procrastinação a que estou me referindo, é sobre a dolorosa e triste saída de casa, para ir ao trabalho. Como queremos demorar ao máximo que pudermos, descrevo a seguir algumas tarefas domésticas, que podem e DEVEM ser realizadas, já que queremos tardar a partida...

4.1) Cuide das suas plantas - Bom, se você não tem plantas, tá na hora de arrumar algumas. Se tem, não somente as regue, mas bata um papo com elas, retire as folhas e os galhos secos, remexa um pouco na terra, pode-as, trate-as com muito carinho. Elas agradecem
Tempo total: aproximadamente 20 minutos, dependendo da quantidade de plantas que você tem e de assuntos que você queira compartilhar com os seus amigos vegetais.

4.2) Fez drinks na noite anterior? Então encha todas as forminhas de gelo que ficaram vazias, lembre-se que à noite, quando retornar da batalha laboral, você precisará delas!
Tempo total: aproximadamente 15 minutos, dependendo do número de drinks consumidos na noite anterior. Se tiver bebido bastante, há um plus de 5 minutos, que é o tempo para se encontrar e tomar um analgésico, para amenizar os efeitos da ressaca.

4.3) Ajude a sua diarista / empregada!
4.3.1) As roupas no varal estão secas? Retire-as e coloque-as no cesto de roupas para passar. Além da ajuda, sua lavanderia fica com um aspecto de arrumada e você não compartilha as suas roupas íntimas com os seus amigos e parentes.
Tempo total: aproximadamente 15 minutos.
4.3.2) A louça do jantar está na pia? Lave tudo! Pratos, talheres, copos, taças e principalmente panelas, aquelas bem engorduradas, que requerem umas 3 "demãos" de esponja e detergente para não ficarem peguentas.
Tempo total: aproximadamente 20 minutos, dependendo do número de pessoas que jantaram em sua casa e quantidade de panelas utilizadas para preparar o rango.
4.3.3) Arrume a cama! Pense um pouco... Não é muito bom chegar em casa e ver a cama arrumada? Dá até uma certa nostalagia, dos velhos tempos mágicos em que morava com seus pais. Sim... mágicos! Você deixava a roupa suja jogada no quarto e dias depois... SHAZAM! Do nada, ela ressurgia lavada, passada e dobrada sobre a cama, ou dentro do seu armário.
Tempo total: aproximadamente 5 minutos... é pouco, mas se combinar com as demais lições, é um pouco mais de tempo que você passa consigo e adia a chegada ao trabalho.

(continua...)

Mais um... "Poesia a uma hora desta?!?"

Essa foi escrita poucos dias antes, quando não somente o trabalho, mas a vida estava entediante e tudo o que eu queria uma mudança, mas não conseguia mudar coisa alguma.

Impacto do inesperado
Engrandece o meu desencanto,
Enevoa o pensamento,
Atormentado pela dúvida,
Pela não resposta que procurei.

Há dois tempos que passam,
Um corre alegre pulsando energia,
O outro rasteja,
Preparando-se para o bote,
Corroendo meu cérebro,
Sem prometer um final feliz.

São Paulo, 12 de dezembro de 2006 - 14:35

Interrompemos nossa programação para apresentar... "Poesia a uma hora desta?!?"

Sabe aquelas tardes entendiantes no trabalho? Pois bem, numa dessas centenas de milhares, escrevi este poema...

Aquele sono da tarde aplacará,
com força bruta cada pálpebra fechará.
Não há palito que a sustente.
não adianta, por mais que tente,
várias xícaras de café tomar.

O bocejo sinaliza
a mente paralisa.
A cabeça pende para frente
e para os lados,
mete-se a testa no teclado
e mesmo assim,
seu corpo nada sente.

São Paulo, 27 de dezembro de 2006 - 14:44

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Como procrastinar em 5 lições

Lição 3 - Usando o computador antes do ir ao trabalho

3.1) Checar e-mails pela manhã
Como vivemos em um mundo moderno, onde a internet se tornou um mal necessário para a sobrevivência humana, é imprescindível checar os seus e-mails pela manhã também. Além destes, por que não checar também a página de recados de todos os sites de relacionamento do qual participa? Você vai agüentar esperar até a noite, para saber se alguém enviou alguma mensagem "importantíssima" combinando um happy hour, um cineminha ou um jantar, logo após o expediente? Ou até mesmo aquelas correntes "que amamos tanto"? E as piadas? Ah! E o mais importante... Os e-mails das lojas virtuais, que você nem sabia que existiam e/ou havia se cadastrado! Eles podem conter promoções imperdíveis... Você vai deixar de ler? NÃO! Principalmente se você trabalhar em uma empresa, onde há acesso a internet, exceto aos sites de e-mails e de relacionamento. Não dá para esperar e não há porquê esperar.
Tempo total: aproximadamente 20 minutos, com margem de erro geralmente para mais, se você resolver responder à todos os e-mails constantes em sua caixa de entrada e aos recados do Orkut.

3.2) Mantenha-se informado
No século retrasado, as cartas e as noticias vinham a galope, ou seja, levavam dias e até meses para chegar ao destino final. Com o advento da internet no final do século XX, as notícias são despejadas minuto a minuto e no mundo atual, os profissioanis precisam estar atualizadíssimos, antenados com o que acontece no mundo. Portanto, logo após a checagem dos e-mails e dos recados, é imprescindível que todas as notícias, de todas as seções sejam lidas. E tem mais, não leia somente em um único site, consulte no mínimo dois. Afinal, um pode estar mais atualizado e/ou completo que o outro.
Tempo total: aproximadamente 20 minutos, com margem de erro geralmente para mais, se você resolver deixar um comentário sobre as notícias, após ler os dos demais leitores virtuais ou, se entrar no site do Big Brother Brasil 8 para ler tudo o que aconteceu no dia anterior e você não assistiu, porque não assinou o pay per view do reality show.

3.3) Escolhendo a trilha sonora
A vida sem música é extremamente sem graça, principalmente quando se está a caminho do trabalho. Se ouvimos uma música que gostamos, o início do nosso dia tão duro, fica mais leve, mais animado. Seja no carro, no metrô, no ônibus, ou a pé mesmo, tenha sempre música ao seu lado.
Abre parênteses...
Gente, eu não mencionei o táxi, porque neste caso não tem jeito, ou você vai ouvir aquela conversinha fiada de motorista de táxi - "Tá quente hoje, né? Mas soube que vai chover a tarde!" - ou o pior dos mundos... Ouvir as músicas da estação de rádio do carro do motorista, que vão de sertanejo à pagode romântico, passando pelo axé, forró e outras bregarias oriundas do Pará (Saca Banda Calypso?).
... fecha parênteses.
Por isso, você deverá utilizar o computador para gravar um CD para ouvir no carro, ou transferir as músicas deste para o seu MP3 player. "E porque não fazer isso no dia anterior?" você deve estar se perguntando agora. Simplesmente, porque você só vai saber o que quer escutar na hora, nunca no dia anterior. Além do mais, estamos aqui para agilizar ou para procrastinar?
Tempo total: aproximadamente 30 minutos, com margem de erro geralmente para muito mais, se por estar em dúvida do que ouvir, você resolver gravar vários CDs, ou se o seu MP3 player
tiver uma capacidade por volta dos 8Gb.

(continua...)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Como procrastinar em 5 lições

Lição 2 - Escolhendo a roupa para trabalhar

Conforme mencionado na lição anterior, esta etapa pode ser realizada no passo 1.1.8.

2.1) Primeiramente, JAMAIS escolha a roupa no dia anterior! Para quê? Com a desordem climática dos últimos tempos, nunca se sabe se no dia seguinte estará frio ou calor.

2.2) É proibido escolher as roupas passadas pela sua diarista. Faça questão de provar para si mesmo(a), que é uma pessoa independente e com tanta ou mais habilidade para esta função, que ela.

2.3) É proibido escolher roupas que não precisem passar.

2.4) Sempre dê preferência às camisas de puro algodão. Além de serem fabricadas em um tecido mais leve e que permitem que seu corpo respire, são as que ficam mais amassadas após a lavagem. Parecem que foram mastigadas e cuspidas da boca de um feroz predador.

2.5) Evite a utilização do ferro à vapor, ou de produtos similares ao "Passe Bem". Lembre-se que você tem todo o tempo do mundo para executar esta tarefa.

2.6) Se estiver com tempo sobrando, além da camisa amassada, escolha a que esteja com no mínino um botão faltando.

Tempo estimado: aproximadamente 25 minutos, com margem de erro geralmente para mais, em função de uma ou mais variáveis, descritas a seguir,
- habilidade de passar roupa, se a sua for igual a minha (eu sou péssimo), pule a etapa 2.5, pois a execução desta lição pode estressá-lo(a);
- habilidade de pregar botões;
- habilidade de armar a tábua de passar, sem se ferir;
- tempo gasto para encontrar o local onde a sua diarista "escondeu" o ferro;
- nível de enrugamento da camisa e,
- quantidade de botões faltantes.

(continua...)

Motivação, new reality show e um novo livro

Aprendi num dos diversos treinamentos em que andei freqüentando (o trema já foi abolido? sempre tenho essa dúvida), que devemos buscar em nós mesmos, o significado do trabalho. A partir dele, podemos entender o que nos motiva estar nele. Afinal, aprendi também que "cada um de nós é responsável pelo sua motivação". Além dessa, temos outra responsabilidade, que é a das nossas escolhas... Que se a nossa vida está do jeito que está, é porque fizemos escolhas e somos responsáveis por elas... E disso tudo, eu não tenho a menor dúvida.
Nos últimos meses tenho me perguntado "Por que trabalhar?" e "Qual o real significado disso para mim?". A melhor resposta que encontrei até o momento foi, "Para me sustentar!". E olha que sou uma pessoa que gosta de ficar obsessivamente pensando nas melhores respostas para as questões da vida. Ainda mais depois de um ano trabalhando num projeto, em que me pôs para refletir bastante. Cheguei a acreditar que, o significado do meu trabalho era poder ajudar, orientar as pessoas a trabalhar com maior qualidade no relacionamento interpessoal, conseqüentemente (olha aí o trema de novo!) se automotivar e produzir mais. Contudo, não me parece estar claro se os superiores destas pessoas e até elas mesmas, realmente o querem. Isso, não depende só de mim... Eles têm que fazer a escolha deles.
Chegou um momento da minha vida, que apenas me sustentar não tem bastado, não tem me trazido felicidade alguma. E o bom de qualquer inquietação com a vida, é que isso me motiva a buscar uma mudança, que certamente será para melhor.
Enquanto isso, continuo aqui em São Paulo, sendo sustentado pelo meu patrão e vivendo o mais novo reality show que não passa em TV alguma, nem em pay per view... "A Casa dos Desmotivados". Sim, aqui em casa pela manhã, rola uma competição acirrada... Quem demora mais para sair de casa? O Eduardo? Ou o Helio? Chegamos a pensar em lançar um livro que será muito útil para as pessoas desmotivadas, mas que não são nem um pouco criativas para enrolar antes de sair de casa...
"Como procrastinar em 5 lições"
Dentro de cada lição, o leitor encontrará várias dicas para enrolar bastante nas suas manhãs úteis. Hoje, escreverei a primeira lição. Depois, publico as demais... Segundo a Sílvia, é bom deixar um gostinho de quero mais...

Lição 1 - Procrastinando no banheiro

1.1) Cague em 3 etapas, conforme descrito a seguir (essa dica foi o Eduardo que deu!),
1.1.1) Inicie o processo;
1.1.2) Interrompa o processo;
1.1.3) Limpe-se;
1.1.4) Lave as mãos, além de higiênico, são aproximadamente mais 70 segundos gastos;
1.1.5) Arrume outra coisa para fazer, por exemplo, tomar café da manhã;
1.1.6) Retorne ao banheiro;
1.1.7) Reinicie o processo e repita os passos de 1.1.2 à 1.1.4
1.1.8) Arrume outra coisa para fazer, por exemplo, escolha a roupa com a qual trabalhará e repita o passo 1.1.7.
Tempo total: de 20 a 30 minutos, dependendo da dica 1.2.

1.2) Leia no banheiro - ATENÇÃO! Esse dica pode ser realizada em paralelo com a anterior.
Caso opte por um livro, priorize os que tenham textos de grande interesse e que lhe prendam a atenção por muito tempo. Quando estiver com gana de ler uma revista, troque a "Caras", "Quatro Rodas", "Casa Cláudia", "Viagem e Turismo", pela "Piauí", que além de ter reportagens interesssantes, são muitos os textos e eles são ENOOOORMES e quase não tem figuras. É imprescindível tomar cuidado, pois ficar muito tempo sentado no trono, faz mal a saúde.
Tempo total: como esta etapa está incluída na anterior, pode-se incrementar o tempo desta, em função do interesse pelo que está sendo lido.

1.3) Durante o banho, utilize todos os cosméticos disponíveis. Assim, além de limpo, cheiroso e hidratado, terá gasto mais uns bons minutos preciosos com você mesmo.
Tempo total: de 25 a 40 minutos, dependendo da quantidade de cosméticos disponíveis e no caso das pessoas do sexo masculino, se está no dia de fazer a barba, ou não.

(continua...)

sábado, 19 de janeiro de 2008

Caos!

Foi só eu elogiar a rapidez do ir e vir do transporte metroviário do município de São Paulo no texto anterior, que ele me prega duas decepções consecutivas nas duas semanas seguintes. Para piorar, os eventos aconteceram respeitando-se aquela lei, que nem gosto de mencionar o nome (M-?-?-?-?-Y, entendeu?), para não atrair mais azar... É lógico que eu estava a caminho do trabalho e é claro, que eu tinha reunião logo na primeira hora, nas duas vezes. Contudo, eu sou um felizardo, pois eu tinha dinheiro suficiente para tomar um táxi! Agora, quem não é sortudo como eu, ficou sofrendo naquela aglomeração de pessoas nas estações, tentando sair e tentando entrar nos lotados trens. Desceu de um trem para tomar outro, na plataforma do outro sentido, ou seja, um caos metroviário SÉRIO!
Horas depois, fiquei sabendo que diariamente, as composições vêm apresentando distúrbios e atrasando a viagem de quem precisa trabalhar, estudar e até se divertir. Fiquei sabendo também, que era sortudo mais uma vez, por ter vivenciado o problema apenas duas vezes.
Segundo aprendi na faculdade de engenharia e no meu primeiro estágio, a manutenção preventiva é mais econômica e evita acontecimentos - não mais surpreendentes - como estes. Ou seja, será que há um descaso do governo do Estado de São Paulo e/ou do Metrô? Será que deixarão chegar ao ponto em que todos os trens estarão sucateados? Sem esse transporte de massa a cidade pára! Poderiam aproveitar o ensejo, para trocar por trens mais modernos, com ar condicionado e com um layout otimizado para comportar mais pessoas. Toda a população, principalmente os engravatados como eu, agradecem.

Em compensação, graças a Deus, a São Pedro, aos controladores de vôo, a Infraero e a Varig, na última sexta-feira, minha vinda ao Rio por esta companhia aérea foi TRANQÜILÍSSIMA! Meu vôo só atrasou meros 15 minutinhos, "devido ao intenso tráfego áereo sobre o Aeroporto de Congonhas" e é claro que, àquelas pessoas que entram no avião com malas gigantescas, achando que são simples bagagens de mão.
Estas pessoas se dividem em duas classes de caras de pau, as básicas e as espertas-egoístas. O comportamento essencial é idêntico a ambas as classes. Primeiro, ela olha para a sua respectiva mala, olha para o compartimento superior e as maletas, mochilas, sacolas que já estão ali, olha para a mala novamente, olha para os comissários de bordo. Não está nem aí, se está se formando uma fila de pessoas querendo entrar no avião, ou se faltam 20 minutos para o Aeroporto de Congonhas fechar para pousos e decolagens. Ela até percebe que não há como acomodar decentemente a "pequena frasqueira", mas tal como um espremedor de batatas, enfia com toda sua força e fúria a mala-êmbolo onde não deveria. Se você tem algo que quebre, ou que amasse nas suas singelas mochila e sacola de loja "acomodadas nos compartimentos superiores"... Esqueça! "Perdeu playboy!"
Já a outra classe de cara de pau, a dos espertos-egoístas, além de apresentarem o comportamento descrito anteriormente, são pessoas que se sentam ao fundo da aeronave e acomodam as malas sobre as poltronas das fileiras de 2 a 5, "Dá muito trabalho levar lá para trás, a gente sai pela porta da frente, né?". E aí, você tem que acomodar sua pequena mochila, no espaço sob a poltrona da frente, anteriormente reservado para esticar suas pernas.
Penso que nesses momentos, os comissários de bordo deveriam esquecer suas gentilezas e sorrisos e serem assertivos com estes cidadãos, tomando-lhes as bagagens e as despachando para o porão do avião. Aliás, é melhor parar por aqui, afinal amanhã eu tenho que voltar a São Paulo e a bendita paz aérea pode acabar.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Paradoxos

Sim, eu sou mais um, dos milhares de cariocas, que mora em São Paulo. Diferente de muitos cariocas, não moro em Moema, mas em Pinheiros. Sou um carioca que emigrou da outrora Cidade Maravilhosa, capital federal, política e cultural deste país até o final da década de 50. Sou um carioca, que para evitar o desemprego, aceitei viver na capital financeira do país, há mais ou menos 5 anos. E sabe de uma coisa? Sou feliz!
Todos shows importantes (exceto o The Police, que para mim nem é tão importante assim) e exposições relevantes acontecem nesta cidade. Sim, é verdade que não tenho DIARIAMENTE, dezenas de pontos turísticos para mirar, no caminho de casa para o trabalho e vice-versa. Não tenho muitas opções para aproveitar um dia ensolarado ao ar livre. Opção 1, o populoso Parque do Ibirapuera, que nos finais de semana fica tal e qual a carioca Quinta da Boa Vista. Opção 2, o sem graça Parque Villa Lobos. Em contrapartida, tenho várias opção noturnas, bares e botequins ordinários, estilosos ou temáticos, restaurantes com pratos típicos de todos os estados e países, cafés, bistrôs, várias baladas - nossa, assimilei seriamente este termo tipicamente paulistano - de rock, de música eletrônica, alternativa, indie rock, psychobilly, country, salsa, pagode, música baiana, psytrance - quem me conhece, sabe que eu não freqüento lugares onde tocam esses cinco últimos estilos de música. E, para quem não me conhece, fique sabendo desde já!
Em São Paulo há mais emprego que em minha cidade natal e há mais poluição, mais gente, mais trânsito e é lógico, que filas também. Afinal, trata-se de uma tradição nesta metrópole.
Em São Paulo há calor, mas também temperaturas mais amenas à noite, tanto que na última 5ª feira, dormi de edredom, em pleno verão. Enquanto que nesta noite no Rio de Janeiro, mal dormi de tanto calor. Tanto que acordei pensando seriamente em comprar um ar condicionado, aparelho que meu pai sempre repudiou, que encarece a conta de luz e que em tempos atuais de aquecimento global e probabilidade de apagão é um grande vilão. Ah! Além desses pontos levantados, minha irmã lembrou-me de todo o estresse que envolve a sua instalação, que até mudei de idéia, continuarei com o ineficiente ventilador de teto Spirit.
Em São Paulo, o metrô não tem ar condicionado e o celular não funciona, mas me leva para diversos lugares, inclusive o trabalho e graças a ele faço o trajeto desde minha casa até lá, em apenas 25 minutos. De carro, para percorrer a mesma distância, levaria quase uma hora e não poderia aproveitar o tempo para ler um livro, ou jogar sudoku... Sim, sou viciado em sudoku!
Somente no Rio, tenho a minha família. Eles não querem morar em São Paulo e eu não tenho emprego no Rio. Ainda bem que a distância entre as cidades é curta e com isso, posso alternar entre ser um órfão nos dias úteis e ser um filho e um irmão (ao vivo, é claro) nos finais de semana. É quando posso aproveitar, além da companhia deles, as coisas boas da cidade natal e as ruins também. As favelas que crescem, assim como a violência, o descaso dos governantes, a corrupção, a sujeira nas ruas e praias.
Em ambas cidades, tenho grandes amigos. Os de uma até conhecem os da outra. Quando se juntam e os vejo interagir, fico muito contente, pois se dão bem. Percebo que cada um tem algo especial, um jeito de ser, de falar, de me divertir, de ajudar nos momentos difíceis. Pena que seja impossível ter todos juntos ao mesmo tempo, mas quando estou perto ao menos de um deles, sinto um conforto e percebo que é isso que eles têm em comum, o carinhoso conforto que a companhia deles proporciona. Espero que os esteja retribuindo da mesma maneira.
(In)Felizmente 100% não existe, não dá para ser tudo muito bom, ou ser tudo muito ruim. A grande sacada é manter o equilíbrio mental, fazer as escolhas que nos pareçam mais acertadas e aproveitar todos os momentos que a vida lhe proporciona, pois todos nos servem de aprendizado. Os bons, para repetir e os ruins, para fazer diferente da próxima vez.
Amanhã à noite estarei lá, próxima sexta-feira à noite estarei aqui e assim aproveito de tudo um pouco, buscando o meio termo.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Le Reveillon

Ah! O Reveillon, substantivo importado do francês, festa de confraternização realizada na noite de 31/12, em família, entre amigos, ambos, ou até só. Envolta pela embriaguez do álcool, da fantasia e da esperança de que após o estouro dos fogos de artifício e do espumante à meia-noite do dia 01º, "daqui pra frente, tudo vai ser diferente", novo, melhor, "tente, invente, faça um 2008 diferente". Particularmente, não percebo nada de diferente, a não ser durante aquela sensação de deja vù que muitos passam em todo início de ano, na hora de se concentrar para preencher o cheque com o ano correto. Aliás, pensando bem, apenas o número muda, pois a sensação vem e volta...

Percebo portanto, uma continuidade, dia após dia, a mesma coisa, despertador, soneca, despertador, banho, metrô cheio e muito quente, trabalho, trabalho, trabalho, almoço, depressão pós-prato, café, trabalho, sono, café, trabalho, sono, café, trabalho, metrô cheio e muito quente, casa, sono. Quando as férias se aproximam, entra uma etapa que se repete muitas vezes ao longo do dia, "só faltam n dias para entrar de férias!" Ah! Esqueci de mencionar a contagem regressiva, para o dia do pagamento, eu a faço diariamente.

Pior que a festa em si, são as coisas que a antecedem e que terão influência direta ou não, na sua comemoração.

Primeiramente, a retrospectiva, ou o balanço do ano, somamos, dividimos, multiplicamos, subtraimos e obtemos um resultado positivo, ou não! Dependendo dos fatores e respectivos pesos etc.. Daí, naquela festança, na casa de um amigo, após a 5ª taça de espumante, você compartilha com o primeiro estranho com quem esbarra, "Meu 2007 foi uma meerrrrda! Separei, engordei, um FDP inútil ocupou a vaga que eu tanto queria lá no escritório e ainda voltei a fumar." e segue despejando sobre o pobre coitado, mais uma infinidade de desgraças dignas de um folhetim mexicano. Por sorte, o estranho solidário retruca, "O meu também foi uma meerrrrrda, mas eu já sabia que seria assim, ano ímpar dá azar, é sempre assim!" afirma vestindo a máscara de quem entende muito de numerologia entre outros temas esotéricos. No mesmo instante, mesmo sem se lembrar do que almoçou naquele dia, faz uma rápida mini retrospectiva de todos os seus anos ímpares e conclui magicamente, que foram todos lamentáveis, inclusive você se casou num ano ímpar! "Cara, você tem toda razão!" A partir daí, o estranho e você se tornam grandes amigos, compartilham também as resoluções para 2008, mais clichês que todos os filmes americanos de ação juntos, emagrecer, beber menos, voltar à academia, blá, blá, blá, identicas às dos anos anteriores. Esse último parágrafo poderia ser diferente se...
O estranho por ser naturalmente antipático, ou por ainda não estar simpático o suficiente para lhe agüentar (pois está na primeira taça de espumante), ignora completamente as suas lamúrias ou ainda, ao contrário de você diz, "Tive um ano maravilhoso, casei, passei a lua de mel em Veneza e em Paris, fui promovido. Mas meu amigo, estou apreensivo com o próximo ano. Os anos pares trazem má sorte. Prepare-se!" Alerta-lhe com a mesma máscara de esotérico entendido... Confuso, você pede licença para pegar outra taça de espumante, mas na verdade, deseja tornar real a última profecia deste guru. Não somente para você, mas para uma ou mais pessoas que seu pesado corpo atingir, quando cair da janela daquele lindíssimo apartamento na Avenida Atlântica.

Depois de fazer a retrospectiva 2007, é hora de escolher onde passar o Reveillon. As opções são muitas. Primeira, celebrar no apartamento em Copa, daquele seu grande amigo e é lógico que 30 minutos antes da virada, seus amigos, seus conhecidos se unirão a milhões de desconhecidos que vivem ali, ou no Brasil, ou no exterior, nas areias de Copacabana para a tão aguardada queima de fogos (e de tiros também!), uma celebração... impessoal e previsível! "... 5, 4, 3, 2, 1, Feliz Ano Novo!", "Olha os fogos no céu!", "Oh!", "Agora no Forte!", "Oh! Que lindo!", "Feliz Ano Novo!", "Olha a cascata do Meridién!", "Oh!", "Qual é mesmo o nome novo do Le Meridién?" Aliás, estar no Rio durante o mês de Dezembro, tem um item embutido no pacote, que é exercitar bastante a paciência, para enfrentar engarrafamentos dignos de São Paulo. É impressionante o transtorno que a Àrvore da Bradesco Seguros, localizada num dos cartões postais do Rio, a Lagoa Rodrigo de Freitas, pode causar. Com cada vez mais efeitos especiais e cada vez mais alta para se manter no Guiness ("Oh!"), esta natalina árvore atrai uma multidão de pessoas que lota a ciclovia e as pistas de veículos em seu entorno, para admirar seus efeitos de luz e agora, a dança das águas! Ou seja, causa nós no trânsito de todos os bairros das zonas norte, sul e oeste da cidade. Ninguém escapa impune deles. No começo, achava a idéia interessante, até embelezava a cidade. Hoje, participo da comunidade "Odeio a Árvore da Lagoa" no Orkut. Eu ainda procurarei por uma ONG ambientalista, que jure de pés juntos, que esta árvore afeta o ecossistema, a fauna e a flora da Lagoa, que gasta muito energia elétrica, que não é sustentável... Peraí, o Bradesco não é o Banco do Planeta?!? Para completar, ainda não sei se é verdade, mas me parece que os recursos para montá-la, mantê-la e desmontá-la são oriundos da Lei Rouanet de incentivo a cultura?!? Que cultura?!? De engarrafamentos?

Voltando as opções de festas... Terceira - sim, terceira opção mesmo, calma que você vai entender - alugar uma casa em alguma cidade serrana, para fugir dos megacongestionamentos nas rodovias, dos que optam pelos litorais fluminense ou paulista, que é a segunda opção de muitos! (Entendeu agora?) Quarta opção - somente para abonados - passar o Reveillon sob a neve, na charmosa Paris ou na consumista Nova York. Como ainda não sou abonado (isso mesmo "ainda", pois um dia serei), poderia ter me juntando a outros 10 mil brasileiros e passar o Reveillon em Buenos Aires (a quinta opção!), já que a mesma quantidade de argentinos (ou até o dobro) invadirá o litoral catarinense, mais precisamente, Florianópolis (a sexta opção!). Há outras possibilidades que não cabem mais mencionar.

E apesar de saber de tudo isso, optei pela segunda!!! Sim, eu achei que viajando no dia 30/12, domingo, não haveria engarrafamentos. Afinal, as pessoas que viajariam, já haviam ido na sexta-feira, no sábado, ou quiçá na quinta-feira. Programei-me para tomar o ônibus que sairia do Rio de Janeiro às 08:30, com escalas em Angra dos Reis, em Paraty, uma 2ª parada em Paraty para comer, mais duas escalas em Ubatuba, em Caraguatatuba e finalmente em São Sebastião destino final. Quando o piloto rezou o itinerário completo, comemorei por não ter que fazer conexão, quero dizer, trocar de ônibus em alguma destas escalas. A esta altura, já estava me sentindo em um vôo da Gol para o nordeste brasileiro. Por um lado, foi pior que os vôos nacionais desta companhia, pois a viagem foi literalmente Come Zero, já que nem as abomináveis barrinhas de cereais foram servidas. Por outro, só que para melhor - Ufa! Ainda bem - era que as poltronas reclinavam e bastante! A previsão otimista, ou seja, sem trânsito, era de chegarmos às 16:00 em São Sebastião. Nisso, dei-me conta, de que o itinerário ditado pelo motorista, significava que iríamos pela bela, porém sinuosa e lenta Rio-Santos. E antes mesmo de entrar nesta rodovia, o meu otimismo se evaporou por completo na altura de Santa Cruz, quando o piloto passou para a velocidade média de cruzeiro de 10 km/h, por umas duas horas aproximadamente. Ou seja, às 18:10, finalmente cheguei à casa onde estavam meus amigos. Foram "somente" 9 horas e 50 minutos de viagem e mesmo assim, valeu a pena! Ah! Lembrei-me. Feliz 2008!