domingo, 1 de junho de 2008

Minha Música

Parte 2 - A partir de 1984 até parte de 1987


Mencionei que os programas de videoclipes eram uma importante fonte de músicas novas, de bandas novas, ou nem tão novas assim. Contudo, esqueci-me de comentar sobre a estética do clipe, que na época era igual para todos, a banda ou o cantor dublavam a música e só! O Duran Duran e o... Michael Jackson (preciso admitir) revolucionaram essa estética e passaram a dar mais valor (inclusive financeiro), para a criação de "filmes" de curta duração, que descreviam / encenavam a história da letra, vide os clipes "New Moon on Monday" do primeiro e "Thriller" do seguinte.

A cena pop/rock brasileira começava a ter maior destaque e iniciaria um reinado duradouro nesta década, devido a criativadade e talento dos seus músicos, que eram influenciados principalmente por cantores e bandas inglesas como, David Bowie, The Doors, The Clash, Sex Pistols, The Cure, Siouxsie and the Banshees, Echo and the Bunnymen - que até então eu desconhecia por completo, exceto os 3 primeiros. Todos estes influenciaram: Capital Inicial, Legião Urbana, Titãs, Plebe Rude, Ira!. Já o The Police e o Madness, que não eram punks, influenciaram Os Paralamas do Sucesso.

Na mesma época, o chamado movimento "new wave" chegava com força total ao Brasil, trazendo bandas como The B-52's, Go Go's e The Pretenders - que tocaram no Rock in Rio 1 - Devo, Oingo Boingo com as suas "Everybody" e "Weird Science", respectivamente. Também surgiram uma centena de one hit wonder bands, ou em português, bandas que só fazem sucesso com uma única música, como Frankie Goes To Hollywood e o hit muito franco "Relax", que antecipava a melhor frase já dita por uma ministra do turismo em pleno caos aéreo "Relax, don't do it... when you wanna come!", ou seja, RELAXE E GOZE!

Surgiram também Kid Abelha, que ainda tinha os Abóboras Selvagens, Heróis da Resistência, quando o Abóbora Leoni brigou com a Kid Paula Toller Abelha, Engenheiros do Hawaii - que eu particularmente ABOMINO! - Nenhum de Nós, Kid Vinil, Magazine, Metrô, Tokyo - com Suplaargh! - Ultraje a Rigor, Camisa de Vênus, João Penca e os seus Miquinhos Amestrados, Léo Jaime, RPM e outra infinidade de bandas! E assim, largamos de lado a música eletrônica, que no caso, era a Disco e passamos a dançar o pop rock. A não ser por um tal de Pet Shop Boys e suas "West End Girls".

Não preciso mencionar que abandonei as guitarras pesadas, as roupas pretas de couro coladas ao corpo, as línguas para fora, a degustação de morcegos, os efeitos pirotécnicos no palco e migrei para as roupas coloridas (verde fluorescente com roxo!!!), cabelo emplastrado de gel New Wave da Wella e atitude mais feliz e menos agressiva. Não que eu me vestisse de uma maneira ou de outra, minha indumentária era bem básica, pois não passava de um pirralho de 12/13 anos!

E assim, DANCEI MUUUUUUUUUUITO nas matinées de domingo e nas noites de sábado (com carteira falsa) no Higino em Teresópolis, na domingueira do Tijuca Tênis Clube e da Mamute, nas festinhas americanas dos amigos do prédio ou do colégio, ao som de tudo isso mencionado anteriormente e... "This Charming Man" do Morrissey e sua banda The Smiths, "Sunday Bloody Sunday" e "New Year's Day" do U2, Simple Minds e seus dois hits, "Don't you forget about me" e "Aliving and Kicking", Dire Straits - que nunca gostei. Por falar nesses malas, preciso mencionar que "Brothers in Arms" - CHAAAATA! - "Broken Wings", do Mr. Mister e "Eyes without a face" do Billy punk-de-boutique Idol eram os hits da dança da vassoura! "Meninas levam comida e meninos levam bebida" eram as regras das festas "americanas". Aliás, queria entender porque elas têm esse nome...

Finalzinho de 85/Iniciozinho de 86, começou a ser executada nas rádios, "Inbetween Days" e foi paixão à primeira vista... No clipe, que também passava na TV, aparecia a banda tocando, umas "voadoras" mãos coloridas e uma câmera presa a uma corda feito um pêndulo, para cá e para lá e o vocalista com aquelas cabelos desgrenhados para cima... "Nossa, que esquisito! Gostei desse tal de THE CURE!"

Neste mesmo ano, saia uma reportagem na revista "Domingo" sobre o clube carioca "Crepúsculo de Cubatão", que eu tenho até hoje. O local era freqüentado pelos "modernos" da época, rotulados de "darks", "pós-punks", "góticos", entre outras coisas, que essa galera repudiava. A reportagem mencionava algumas poucas bandas conhecidas "deste estilo" e outras que eu nunca havia ouvido falar sobre, mas deu para entender que lá tocavam bandas com o mesmo estilo do The Cure e a vontade de conhecer o local eram enorme, mas eu tinha 13 anos. Por diversas vezes, desejei muito ter 18 anos! Ah... Vale comentar que, um dos entrevistados e fotografados da reportagem, Edson era um dos freqüentadores mais assíduos da casa. Quem é carioca e frequenta noites do rock, saiba que estou falando de um cara, atualmente conhecido como DJ Edinho.

Ao final de 86, outros hits do Cure tocaram no dial, na TV. Nos jornais e na revista musical Bizz, fotos e reportagens do líder Robert Smith e o restante da banda. Inclusive, Bob completou 49 anos no último dia 21 de abril. Minha paixão por suas músicas, atiçaram minha curiosidade, quanto a tudo que a banda havia lançado, sua origem, tudo... Tornei-me tão fã, que resolvi "pentear" o meu cabelo da mesma forma que ele e fui inclusive carinhosamente chamado de Helio 220V, por Zilda, minha professora de Geografia.

Valéria - que já fazia parte da minha vida praticamente desde que nasci, estudava na mesma turma que eu do colégio e também amava o Cure - tinha um irmão mais velho, que gostava muito de música. Um amigo trouxe-lhe da Europa, dezenas de discos MUITO BONS... E assim, graças a eles, fui apresentado ao Echo and the Bunnymen e às belíssimas capas dos seus 4 primeiros álbuns, "Crocodilles", "Heaven Up Here", "Porcupine", cuja capa me impressionou bastante, mas não mais que a de "Ocean Rain", por sua belíssima fotografia e por esse disco contemplar os hits, "The Killing Moon" (só de escrever o nome e pensar nos acordes iniciais... me arrepio todo) e "Seven Seas". Everything but the Girl e a canção "When All's Well" - que eu jurava que era um homem cantando!!! Alien Sex Fiend que eu gostei, mas era bem mais agressivo que o restante.

Foi na casa dela, que assistimos à coletânea de videoclipes "Staring at the Sea" do The Cure... Zilhões de vezes, é claro. Viamos e riamos outras tantas vezes, de um erro de filmagem, tipo "Falha Nossa", do clipe para "The Walk", que passa antes de começá-lo. No clipe, Robert Smith leva uma bolada de Lol Tolhurst e dá um sorriso sarcástico que diz tudo.

O Siouxsie and the Banshees, foi a rádio que me apresentou o hit "Cities in Dust" e comecei a perceber que gostava muito desse tal de "dark".

Marcelo Pacheco, um amigo de Teresópolis, assim como Valéria, tinha um irmão mais velho, que havia morado em Londres durante um tempo. E de lá, ele trouxe dois álbuns da até então desconhecida banda, New Order, o "Low Life" e o "Brotherhood". As músicas destes foram rapidamente copiadas para duas fitas cassetes, que não arrebentaram por conta de um milagre... Eram as fitas que eu mais escutava. O "Low Life" era rock, era dançante, era eletrônico e bom do início ao fim. Todas as músicas eram boas. Começava com "Love Vigilantes" (que não tocou no show brazuca deles de 1987), passava pelo D-I-V-I-N-A até hoje "The Perfect Kiss". Na seqüência, "This Time of Night", depois a sombria "Sunrise". A instrumental "Elegia" iniciava o lado B da bolacha preta. Vinham "Sooner than You Think", outro hit "Subculture" e fechava com "Face Up", que tocou muuuuuito nas aulas de aeróbica da academia que frequentei em 1987 e em 1988. Já o albúm "Brotherhood", tinha a versão original de "Bizarre Love Triangle", antes do remix de 1987, que tocou a exaustão em todo o mundo. Além de outras músicas de menor destaque para a grande massa, mas que eu adorava. New Order era o máximo!

(continua...)

Um comentário:

Joel Vieira disse...

ineteressante seu blog =)

abraços !