quinta-feira, 10 de abril de 2008

"Minha Música"

Não, esse texto não será dedicado a homônima música de Adriana Calcanhoto, que aliás, passei a amar depois que Guilherme me apresentou o seu trabalho, com toda a paciência, além dos de outros artistas brasileiros.

Esperem, é sobre isso que irei falar, sobre as pessoas que me apresentaram cantores, bandas, estilos e me ajudaram na construção do meu gosto musical e que me fizeram amar essa forma artística de se expressar: A MÚSICA. É também uma forma de homenageá-los.
Falarei também do que fazia (papai não brigue comigo, por conta das revelações) e faço para adquirir música.

Obviamente dividirei em algumas partes, pois pelo que me lembro, devo ter ao menos uns 30 anos de história para contar.

Não sei ao certo como dividirei, mas readaptando os 2 úlltimos versos da canção que intitula este texto,
meu post quer só ser post:
meu post não quer pouco.


Parte 1 - Da mais remota lembrança até 1984

A minha paixão por música começou bem precoce...

Toda minha família se lembra de um episódio, em que eu ainda pequeno (por isso preciso da memória estendida deles para recontar), levantei-me sorrateiramente da cama, enquanto todos dormiam em uma madrugada, pus um disco em nossa vitrola Philips, mirei a agulha no início e a pousei sem arranhá-lo - ninguém sabe me dizer qual disco era - e com o volume no talo! Assustada, minha mãe pensou ser um ladrão, até o momento em que o meu pai lhe desacreditou, pois era impossível um meliante ouvir música durante um assalto. Surpreenderam-se ao conferir a identidade do "assaltante”: eu, feliz da vida, ouvindo música. Inclusive, começo a entender que sou um ser noturno desde então.

Por ser filho temporão e ter irmãs bem maiores que eu (não posso dizer que elas são mais velhas), não tinha acesso às músicas infantis da década de 70. De infantil, só gostava de escutar os saudosos "Disquinhos", que eram compactos de 7 polegadas feitos em vinil coloridíssimos e rótulo amarelo, que por assim serem, se diferenciavam das bolachas pretas dos "adultos" e, contavam histórias infantis famosas ou não, como "Pinocchio", "A Galinha Ruiva", entre outras. E como toda criança que adora repetições, vide o sucesso dos Teletubbies, ouvia-os exaustivamente.

A Mônica nunca foi muito chegada à música e aos aparelhos eletrônicos em geral e isso, persiste até os dias de hoje.

Já a Márcia, minha outra irmã, ganhava de familiares, de amigos, comprava, ou melhor, pedia para comprar alguns discos e com isso, escutei muito às trilhas sonoras de novelas e de filmes, coletâneas, álbuns em geral, que chegavam à nossa casa.

O álbum duplo da trilha sonora de "Os Embalos de Sábado Noite" por exemplo, rodou muito no prato lá de casa. Viva Bee Gees!

Dos discos das trilhas sonoras das novelas da Rede Globo, fonte de bandas que me tornei apreciador mais tarde, além das músicas internacionais, o que mais me atraia, era o rótulo dos LPs, que tinham uma espiral verde e outra azul que ao girarem no prato, criavam um efeito psicodélico. Eu até aumentava a rotação para os 78 RPMs, para otimizar o efeito. A de "Dancin' Days" era uma das melhores e mais executadas na pequena vitrolinha. "Locomotivas", "Supermanoela", "Casarão", "O Espigão" e "Te contei?" também eram freqüentemente ouvidas.

Na época, final dos anos 70, ouvia-se ainda muito Disco, como Chic, Earth, Wind and Fire, Village People, Frenéticas, Donna Summer, Kool and the Gang, Santa Esmeralda etc.. Desse grupo, tinha o single em 12 polegadas, com uma versão gigantesca para "Don't Let me be Misunderstood" que ocupava o lado A inteiro. A capa era um grotesco capítulo a parte, o suposto vocalista com uma calça boca de sino, um camisa aberta até o meio e rodeado de mulheres "sensuais". Também me lembro de uma coletânea de hits da Papagaio, discoteca famosa no Rio de Janeiro na ocasião. A capa transcendia o conceito cafona, tinha uma morena com uma camiseta branca e só, fazendo caras e bocas para um papagaio de pirata em seu ombro. Era R-I-D-Í-C-U-L-O!!! Já as músicas... Sensacionais!

Do Rock e do Pop, Abba ("Dancing Queen", "The Winner Takes it All"), Carpenters, Kate Bush (eu amo "Wuthering Heights") Beatles, Led Zeppelin, Queen, Peter Frampton ("Baby, I Love your Way"), Heart ("Barracuda") e Rick Wakeman. Deste último, além da música, eu amava a genial capa do disco que tinha um globo terrestre no meio e em volta deste uma foto do Rick distorcida. Dentro, além do encarte, vinha um papel laminado que você enrolava, punha sobre o centro e nele se refletia a capa, criando um efeito muito louco.

Da MPB e do Rock Brasil, escutava-se Caetano Veloso, Flávio Venturini, Beto Guedes, Lô Borges, Milton Nascimento, Ney Matogrosso com e sem os Secos & Molhados, Rita Lee com e sem os Mutantes, Marcos Valle, Chico Buarque, sem deixar passar as bandas e os cantores que surgiam na minha frente.

Na primeira metade dos anos 80, persisti com as trilhas sonoras de novelas regaladas e foi quando amei na primeira audição as músicas, "Just Can't Get Enough", "Don't Go" e "Situation". Nessa época, eu tinha entre 9 e 10 anos de idade e prestava pouquíssima atenção aos nomes das bandas, atinha-me apenas a sonoridade das músicas que me agradavam.

A Blitz surgia com a proposta pop-rock-teatral e eu tinha o compacto "Você não Soube me Amar", ouvíamos até quase furar. Meses depois lançaram o LP, que os três irmãos sabiam as letras de QUASE todas as músicas. Quase, pois tinham duas faixas riscadas, censuradas pela ditadura militar, que ainda dominava o Brasil.

Alguns anos mais tarde, Márcia começou a namorar um carinha, chamado Rogério. Estudante de medicina que nas horas vagas, tocava guitarra numa banda de amigos. Com ele aprendi a gostar de rock, ele me apresentou mais coisas dos Beatles, Police, Led Zeppelin entre outras bandas. A que mais me marcou foi o Kiss, pois antes mesmo de conhecê-lo, lembro-me de ter visto a capa do álbum "Dressed to Kill" por diversas vezes na seção de discos da Sears e da Mesbla e ficar impressionado com os integrantes mascarados. Inclusive, eu tinha MEDO deles, tinha pesadelos enquanto dormia. Rogério me presenteava com um disco desta banda em todas as datas festivas. O primeiro que ganhei foi o "Creatures of the Night" de 1982 e assim desmistifiquei aquelas criaturas que antes temia, passando a adorá-las. Nesse disco havia o famoso hit "I Love it Loud". No ano seguinte ao lançamento deste álbum, eles vieram em tour para o Brasil e fui acompanhado de Márcia, Rogério, Mônica e outros amigos deles, "ver" o show daqueles "monstros" no gramado do Maracanã. Sim, ver entre aspas mesmo, pois como era uma criança de 10 anos, não tinha altura suficiente para enxergar coisa alguma no palco, a não ser as botas plataformas deles, por entre os corpos das pessoas a minha frente. Mesmo assim foi inesquecível o meu primeiro show de rock.

Rogério foi embora um dia, não me lembro em que ano, mas provavelmente foi na mesma época em que o casal Silva se mudava com seus 4 filhos, para o 7º andar do meu prédio. Karla, a segunda, gostava de Kiss também e de outras bandas de heavy metal. Com ela agreguei ao meu gosto musical, Iron Maiden, Def Leppard, AC/DC e outras que, como não me marcaram tanto, não me recordo os seus respectivos nomes.

Eu, enquanto roqueiro, abominava Michael Jackson e outras popices da época. "Thriller" e outros hits deste bizarro artista passaram batido por mim, eu não o suportava. Creio que até fiquei traumatizado, pois em todas as festas dos amigos do prédio e do colégio, executavam suas músicas umas 300 vezes incansavelmente, para eles é claro!

A partir de 1984, começaram a surgir novos estilos, bandas brasileiras começaram a aparecer e a Karla odiava, pois não era Kiss ou não era heavy metal. Eu que amava este estilo, pensei na hipótese de ir à 1ª edição do Rock in Rio, para assistir aos shows da noite de METAL, em janeiro de 1985. O palco seria ocupado pelos seguintes caras, Ozzy Osbourne, Iron Maiden, AC/DC... Era muito bom, a nata da época, mas não me permitiram ir. Tudo bem! Hoje em dia não me arrependo, por não ter conseguido ir. Soube que foi um perrengue desgraçado para chegar lá, assistir aos shows, para voltar... SOCORRO!

(continua...)

2 comentários:

Leandro Bulkool disse...

Que isso? Um lado do metal que obscuro! Muito bom.

Meu primeiro contato com o Rock n' Roll foi em torno de 84, com um álbum da Tina Turner, depois em 85 assisti pela tv alguns trechos do Rock in Rio. Daí já era... foi um tal de comprar discos do Iron Maiden e tantos outros. Muito bom relembrar.

André Mans disse...

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