domingo, 4 de setembro de 2011

Uma viagem e várias reflexões

Uma das coisas que mais amo fazer é viajar. Penso ser um momento, em que você, viajante, se abre para o destino que o receberá, se entrega à energia e ao movimento da cidade. Você se permite ser quase que um local e tenta assimilar sua cultura, seus hábitos, seus odores, temperos e sabores. Retorna a sua cidade, com tristeza e saudade de ter que deixar para trás, essa experiência, que só quem a vive, pode sentir e descrever.
Não sou do tipo que fica tenso nos pousos, nas decolagens e durante todo o voo. Eu relaxo e entro no "modo avião", meto os fones do iPod em meus ouvidos, adentro em minha mente, mesmo com o reduzido espaço para as pernas, que as companhias aereas têm nos submetido nos últimos anos, leio, jogo, desenho, escrevo e também durmo, se estiver cansado. Meus pensamentos não são wi-fi, não usam tecnologia sem fio e não causam interferências nos equipamentos da aeronave. Minha mente não solta fumaça suficiente para ser "sentida" pelos detectores de fumaça, jamais precisei impedir o funcionamento deles, mesmo quando raramente usei os lavatórios, tanto o da parte dianteira, quanto os da parte traseira.
Mesmo com toda essa confiança na aeronave, no piloto e na tripulação, rezo para não ver as máscaras de oxigênio cairem automaticamente em caso de despressurização, rezo para não ter que usar o colete salva-vidas, ou retirar o assento de minha poltrona em caso de pouso n'água, rezo para não ter que usar uma das seis saídas de emergência, que as luzes no piso e no teto indicarão a saída mais próxima.
E durante a viagem, aparece a inspiração e saí um texto como o de abaixo:

Serena

As vezes serena está,
parada, quieta em silêncio,
até que repentinamente,
como pedra que rompe
a tensão de um poça,
ondas diversas e persistentes
se propagam,
invadem o vazio que existia,
tomam-lhe o sono reparador.
Nuvens carregadas de incertezas
nublam os céus do imaginário.
Eis que o medo se senta
e parece permanecer ali,
até que o vento forte
desintegra o monstro de areia
e brisa se torna.
E o leve sopro de esperança
desacelera o coração
antes em disparada.
São Paulo, 02 de setembro de 2011 - 9,19pm

2 comentários:

vanessa v. disse...

Eu amo viagens e amei ter lido o 'Serena'.....Tem mais?
Ps.: odeio poltrona de classe econômica.

Helix disse...

Obrigado querida! Assim que tiver outros, eu aviso. Quem sabe, eu não faça uma retrospective...